segunda-feira, 20 de outubro de 2014

"Tarde de Milagres" - Rita Bittencourt

 Caia a noite,  a chaleira apitou.
 Ferveu a água do chá....
Mas a moça não se levantou
ficou, ali, olhando o vapor subir como fumaça.
Uma borboleta passou pela janela,
deu uma volta longa, no ar, e voltou,
buscando a luz da cozinha, acesa.
Entrou sem cerimônia. Era uma mariposa
de olhos negros nas asas marrons
Linda!
Inadvertidamente
voou sobreo vapor  da chaleira.
Caiu no fogão, debateu-se e quedou-se.
A moça, triste, não quis mais chá...
Tomou a mariposa nas mãos
e o pó da sua penugem tingiu-lhe os dedos.
Delicadamente levou-a
para o resto de luz que partia, lá fora.
Jogou-a pro ar e ela voou
rumo a uma estrela,
a primeira, que brilhava
naquela tarde de milagres.

Nenhum comentário:

Postar um comentário